Se hoje temos facilidade para fazer ligações usando um smartphone em
qualquer lugar, antes éramos reféns de orelhões e telefones públicos. E
segundo um levantamento feito pelo G1,
esses equipamentos estão, aos poucos, desaparecendo das ruas do país.
Em média, 120 orelhões são retirados das praças e avenidas de cidades de
todo o Brasil.
De acordo com o estudo, um terço dos aparelhos
saiu de circulação, totalizando atuais 875 mil – em 2004, eram 1,3
milhão. São cerca de 4,3 orelhões para cada mil habitantes, perto do
mínimo exigido pelo plano geral de metas para universalização (4 a cada
mil), em vigor desde 2011 e válido até o ano que vem. Esse plano é um
conjunto de obrigações para concessionárias que prestam serviços de
telefonia fixa ampliado para o regime público. Neste caso, as empresas
devem oferecer acesso ao serviço de telecomunicações a qualquer pessoa,
seja qual for sua localização e condição socioeconômica.
Em junho
será colocado para consulta pública um novo edital para determinar a
quantidade mínima e densidade de orelhões espalhados pelo país. Segundo a
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
o número de equipamentos nas ruas deve cair ainda mais e chegar a
apenas um aparelho para cada mil habitantes no período que vai de 2016 a
2020. Os estados brasileiros com menos orelhões são Roraima (2.620),
Amapá (3.068) e Acre (3.201). São Paulo é o estado que possui mais
dispositivos (203.698), seguido de Minas Gerais (88.205) e Rio de
Janeiro (72.099).
O novo plano que está em discussão sugere que a
redução de orelhões não seja linear em todo o país. Ou seja, locais
onde o uso dos aparelhos é maior poderão perder menos equipamentos,
enquanto localidades com baixo uso deverão sofrer uma redução maior.
Mesmo assim, a Anatel acredita que a
utilização dos orelhões continuará em declínio – hoje, são realizadas
apenas duas chamadas por dia por meio desses aparelhos. Na visão da
agência, isso é resultado de "avanços tecnológicos, como o surgimento da
internet, da maciça utilização dos celulares e de novas necessidades de comunicação da população".
Entidades
de defesa do consumidor criticam o projeto de redução de orelhões nas
ruas. Maria Inês Dolci, coordenadora institucional do Proteste, afirma
que os equipamentos são essenciais para todos, principalmente para os
cidadãos que têm pouco acesso à telefonia fixa (e móvel). Ela diz que
"as empresas têm o dever de cuidar do patrimônio e não têm feito isso", o
que, consequentemente, prejudica a utilização dos dispositivos. "Se
eles [os orelhões] estão obsoletos, é porque não trocaram. Se não estão
adequados, é porque não houve investimento. Se você vai a um orelhão
duas, três vezes e vê que não funciona, você não volta. E o problema é
que não há fiscalização", explica.
De acordo com dados atualizados da própria Anatel,
cerca de 15% dos orelhões estão em manutenção e, portanto, fora de
funcionamento. Juarez Quadros, ex-ministro das Comunicações e consultor
da empresa de consultoria de comunicações Órion, afirma que o alto custo
é um dos motivos para a pressão pela redução do número mínimo de
orelhões nas ruas. "O orelhão tem um custo de manutenção muito alto em
função do vandalismo. As empresas têm que fazer uma manutenção adequada
em grande parte dos terminais. Isso faz com que haja uma despesa
acentuada e a relação custo-benefício não é propícia para manter a
planta instalada nas vias públicas", diz.
Para não correrem o risco de serem extintos, os orelhões precisaram
se reinventar. Uma das soluções encontradas pelas fabricantes dos
aparelhos é configurá-los para realizar ligações por meio das redes 2G e
3G do celular, além de servirem como pontos de internet
Wi-Fi. Segundo empresas e especialistas do setor, os equipamentos
adotaram padrões da telefonia móvel e atendem agora a uma estratégia das
operadoras, que buscam instalar dispositivos que não elevem seus custos
de implantação.
"As operadoras estão sendo obrigadas a atender
áreas onde não há a linha física ou a linha física fica mais cara do que
uma cobertura com o 2G ou 3G", afirma o gerente de projetos especiais da fabricante de orelhões Icatel, Francisco Matulovic. O executivo ainda diz que o 4G não está nos planos, pelo menos por enquanto, porque "exige uma mudança muito grande no aparelho e requer investimento".
Os orelhões com 3G e Wi-Fi
são similares aos modelos convencionais que já estão instalados nas
ruas. Segundo Matulovic, os "orelhões-celular" podem custar até 50% mais
caro devido às adaptações internas, mas também porque possuem uma
bateria interna ligada à rede elétrica que garante autonomia de até duas
horas em caso de apagão. O executivo diz que foram entregues cerca de
400 aparelhos 3G para a Telefônica-Vivo e que outros dispositivos serão enviados.
Além
da Icatel, a Urnet Daruma também possui um modelo próprio de
orelhão-celular. A companhia já fez testes com os equipamentos em São
Paulo há três anos, quando testou os aparelhos para serem hotspots de Wi-Fi e terminais multimídia que fornecem chamadas de videoconferência e conexão à internet. Novos testes devem acontecer no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, a pediido da Oi.
Copiado de: http://canaltech.com.br/noticia/redes/Para-nao-serem-extintos-orelhoes-agora-oferecem-sinal-3G-e-internet-Wi-Fi/
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