Em 18 de abril de 1920 os principais jornais paulistanos, e
possivelmente muitos outros espalhados pelo Brasil, publicaram esta
misteriosa propaganda, com uma suástica estampada:
Se fosse publicado nos dias de hoje, este anúncio causaria repulsa e
indignação, mas na época causou muita curiosidade. Afinal, o que
representava aquele emblema ?
Alguns dias depois, em 22 de abril, outro anúncio seria publicado,
explicando o que tal desenho representava ao redor do mundo. O texto,
bastante curioso, dava explicações da origem histórica do símbolo, mas
nada ainda de dar detalhes ainda do que viria a ser a razão daqueles
anúncios.
E o mistério continuou mais alguns dias (será que alguém comprava o jornal diariamente só para saber o desfecho desta campanha publicitária ?) até que no dia 27 de abril foi revelado aos leitores do que se tratava aquele emblema.
Não se tratava de crença religiosa ou algo do gênero, mas sim a marca (ou emblema como dizia no anúncio) da empresa Anglo-Mexican Petroleum Company ou,
como conhecemos hoje, a Shell. A empresa estava no Brasil desde 1913,
mas foi na década de 20 que ela realmente se expandiu por aqui,
instalando bombas de gasolina de rua e em garagens de São Paulo e no
restante do país. A publicidade com a suástica era para fazer os
produtos da empresa ainda mais conhecidos por aqui.
O símbolo não se restringia a publicidade. Estava também presentes
nos papéis timbrados da empresa, nas embalagens e também em seu
maquinário, como as bombas de gasolina. Na imagem abaixo, junto a outras
marcas, podemos observar alguns dos produtos da Anglo-Mexican que
ostentavam a suástica.
E nas duas imagens a seguir, o símbolo presente em duas bombas de
combustíveis. A primeira, em uma rua de Fortaleza, no Ceará, é a bomba
de rua, que hoje ficam nos postos de abastecimento. A segunda, menor, é a
bomba que ficava em garagens particulares espalhadas por São Paulo e
pelo Brasil.
O leitor pode estar se perguntando: A Anglo-Mexican era simpatizante do nazismo ? A resposta é não!
Em 1920 o símbolo ainda não era ligado ao regime nazista. Naquele
momento a suástica não tinha recebido a associação a algo tão terrível e
negativo para a humanidade e era até simpático adota-lo como um
emblema. Porém alguns anos mais tarde, com a crise da Alemanha pós
Primeira Guerra Mundial, o nazismo começaria a crescer e o símbolo
adotado por Adolf Hitler era justamente a suástica, que já estava
disseminada também pela empresa. Embora idêntica, a suástica nazista
tinha a orientação diferente desta, apontando pro lado oposto.
Mesmo com os nazistas utilizando largamente a suástica desde a
segunda metade dos anos 20, a Anglo-Mexican manteve-a como emblema da
empresa. O símbolo só seria descartado com a ascensão no nazismo ao
poder, na Alemanha, em 1933. Neste mesmo ano, a empresa voltaria aos
principais jornais do Brasil para anunciar a adoção de um novo símbolo,
hoje também mundialmente conhecido: a concha.
Era o fim da linha para a suástica na empresa e apenas o início como
símbolo marcante do nazismo e dos horrores que viriam com a Segunda
Guerra Mundial. O emblema antigo é tão tabu que não há qualquer menção a
ele no site da empresa. Porém, acredito que a história foi feita para
ser contada e não escondida.
Fica a pergunta: Se não tivessem os nazistas adotado a suástica, será
que o símbolo estaria sendo utilizado até hoje pela empresa?
Copiado de: http://www.saopauloantiga.com.br/a-suastica-em-sao-paulo-antes-dos-nazistas/
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