Hospitais e clínicas por todo o Caribe estão recebendo milhares de
pessoas com os mesmos sintomas: fortes dores de cabeça, febre alta e
tanta dor nas articulações que elas mal conseguem andar ou usar as mãos.
O quadro é provocado pelo vírus chikungunya, que está se espalhando
rapidamente pelos mosquitos nas ilhas da região, segundo a agência
Associated Press. O primeiro caso transmitido na região foi confirmado
em dezembro.
"Você sente nos seus ossos, nos dedos e nas mãos. É como se tudo
estivesse se despedaçando", disse Sahira Francisco, de 34 anos, à
agência Associated Press enquanto ela e sua filha esperavam atendimento
em um hospital em San Cristobal, uma cidade no sul da República
Dominicana onde muitos casos foram registrados nos últimos dias.
O nome chikungunya é derivado de uma palavra africana que pode ser
traduzida como "contorcido de dor". Apesar de o vírus raramente ser
fatal, ele é extremamente debilitante. "É terrível, eu nunca tive em
toda a minha vida uma doença desse tipo", disse Maria Norde, uma mulher
de 66 anos confinada a uma cama na sua casa na ilha de Dominica. "Todas
as minhas articulações estão doendo."
Surtos de infecções pelo vírus têm afetado a população da África e da
Ásia há muito tempo. Mas ele é novo no Caribe, onde o primeiro caso foi
registrado em dezembro, provavelmente trazido por um viajante.
Autoridades de saúde locais estão trabalhando agora para educar a
população sobre a doença, acabar com os mosquitos e lidar com os casos
existentes.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) afirma que há na região
mais de 55 mil casos, entre suspeitos e confirmados, desde dezembro. O
vírus também atingiu a Guiana Francesa, onde ocorreu a primeira
transmissão confirmada na América do Sul continental.
Segundo a Opas, sete pessoas com o chikungunya já morreram, mas elas
podem ter tido outros problemas de saúde que contribuíram para esse
desfecho.
"Os números estão aumentando como uma bola de neve por causa das
constantes movimentações de pessoas", disse Jacqueline Medina,
especialista do Instituto Tecnológico, na República Dominicana, onde
alguns hospitais reportaram mais de 100 novos casos por dia.
O vírus é transmitido por duas espécies de mosquito, o Aedes aegypti, que também transmite a dengue, e o Aedes albopictus.
É comum que ele seja transmitido por viajantes. Ele pode se espalhar
para uma nova área se alguém tem o vírus circulando em seu sistema em um
período que vai de 2 a 3 dias antes do início dos sintomas até 5 dias
depois.
Durante anos, houve relatos de casos esporádicos de viajantes
diagnosticados com chikungunya, mas sem transmissão local. Em 2007,
houve um surto no norte da Itália, então autoridades de saúde previram
que era apenas uma questão de tempo até o vírus se espalhar para o
ocidente, segundo o médico Roger Nasci, dos Centros para Prevenção e
Controle de Doenças dos Estados Unidos.
De 60% a 90% das pessoas infectadas apresentam sintomas. Em comparação,
apenas 20% dos infectados por dengue têm sintomas. A boa notícia é que
existe apenas um tipo de chikungunya, ao contrário da dengue, que tem
quatro subtipos. Uma vez que a pessoa é infectada e pelo chikungunya e
se recupera, ela se torna imune à doença.
No Brasil
Por enquanto, o Brasil só registrou casos importados de chikungunya, ou
seja, pessoas que foram infectadas fora do país. Mas o surgimento de
casos no Caribe e também na Guiana Francesa, que faz fronteira com o
Amapá, deixou pesquisadores brasileiros em alerta. Para eles, o risco de
transmissão da doença aqui é real.
Autoridades de saúde de Roraima e do Amapá estão atentas ao risco da
chegada do vírus no país. No Amapá, uma visita de uma equipe de técnicos
do Ministério da Saúde está prevista para traçar medidas de prevenção
do vírus.
Copiado de: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/05/virus-chikungunya-se-propaga-de-forma-rapida-pelo-caribe.html
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