domingo, 23 de fevereiro de 2014


Era um fim de tarde tranquilo e eu estava passeando com o meu animal de estimação, a rua estava praticamente deserta e o céu indicava chuva. Subitamente percebo que meu cachorro se encontra metros atrás, imóvel. Ao me aproximar percebo que está agachado, prestes a defecar.
Um frio me cobre a alma. Percebo que esqueci de trazer sacos plásticos para limpar os dejetos da criatura. Procuro coisas ao meu entorno que pudessem me ajudar, mas sem sucesso. Olho para o céu e vejo que a chuva se aproxima, o desespero começa a crescer.Finalmente tomo coragem e tomo a decisão que me parecia mais lógica. Toco a campainha.
Após um longo intervalo um sujeito de talvez a mesma idade que eu atende a porta e, com a cara confusa de alguém que recém fumou maconha, balbuceia:
"O que é?"
"Tu tem saco plástico aí?", eu respondo.
Sua expressão muda e seus olhos passam a me encarar com seriedade. Minutos passam e sua posição continua a mesma. Já é possível ver a fumaça saindo pelas suas orelhas. Seu cérebro trabalha freneticamente para compreeder a dimensão total do problema...
"Huh?"... Sem sucesso.
Estou prestes a explicar a ele a situação, mas é tarde de mais uma terceira figura, bem mais velha, se aproxima da porta.
"O quê que ta acontecendo?" ele indaga.
Murmúrios são trocados entre os dois.
"Pra quê tu quer uma sacola?" O velho pergunta, possivelmente antevendo o fim nefário que darei à sacola.
"Meu cachorro fez cocô no seu jardim" Eu respondo.
O velho, percebendo a minha bondade, se convalesce. No entanto, o labor de trazer a sacola é demais para seus ossos frágeis.
"Ana! Traz uma sacolinha de mercado!"
Ele grita, mas sem resposta.
Percebendo a letargia de sua prole, o sujeito se declara vencido.
"Olha cara, já vai chover deixa isso pra lá" ele diz.
Eu aceno positivamente com a cabeça e sigo meu caminho de volta para a casa.

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